Não, o Nazismo Não é de esquerda

17/07/2017

O que muito vem se discutindo nas redes sociais aqui no Brasil é sobre de que lado está o Nazismo, vem surgindo muitas pessoas afirmando que o Nacional-Socialismo é de esquerda. De primeira dá-se até pra pensar "tem "socialismo" no nome, portanto é de esquerda", mas não é bem assim.

O Nazismo, cuja ideologia é associada à extrema direita, surgiu como uma "terceira via", eles desprezavam o socialismo marxista como também desprezavam o liberalismo, num aspecto geral era um fascismo incorporado com antissemitismo e racismo científico (racialismo). Não irei aqui tratar de como o Nazismo ascendeu ao poder na Alemanha, mas unicamente a sua via ideológica.

O termo "Nacional-Socialismo" foi uma tentativa de redefinição nacionalista do conceito de "Socialismo", para criar uma alternativa tanto ao socialismo internacionalista marxista quanto ao capitalismo liberal. Rejeitava o conceito de luta de classes, assim como defendia a propriedade privada e as empresas de alemães.

Inclusive Hitler em uma entrevista a George Sylvester Viereck, em Julho de 1932, fala acerca disso:

"'Por que', perguntei a Hitler, 'o senhor se diz um nacional-socialista, já que o programa do seu partido é a própria antítese do que geralmente se acredita ser o socialismo? '

'O socialismo', replicou ele agressivo, deixando de lado a xícara de chá, 'é a ciência de lidar com o bem estar geral. O comunismo não é o socialismo. O marxismo não é o socialismo. Os marxistas roubaram o termo e confundiram seu significado. Vou tirar o socialismo dos socialistas. O socialismo é uma antiga instituição ariana e alemã. Nossos ancestrais alemães tinham algumas terras em comum. Cultivavam a idéia do bem-estar geral. O marxismo não tem direito de se disfarçar de socialismo. O socialismo, diferentemente do marxismo, não repudia a propriedade privada. Diferentemente do marxismo, ele não envolve a negação da personalidade e é patriótica. [...] Não somos internacionalistas. Nosso socialismo é nacional. Exigimos o atendimento das justas reivindicações das classes produtivas pelo Estado com base na solidariedade racial. Para nós, o Estado e a raça são um só.' "

(Entrevista concedida a George Sylvester Viereck, em julho de 1932. In: ALTMAN, Fábio (org). A Arte da entrevista; uma antologia de 1823 aos Nossos Dias. São Paulo: Scritta, 1995. p. 114-115.)

Encontra-se também outras declarações de Hitler acerca do socialismo marxista em seu livro Mein Kampf, aqui estão algumas:

"Nesse tempo, abriram-se me os olhos para dois perigos que eu mal conhecia pelos nomes e que, de nenhum modo, se me apresentavam nitidamente na sua horrível significação para a existência do povo germânico: marxismo e judaísmo". (HITLER, 2001, p. 22)

"A doutrina judaica do marxismo repele o princípio aristocrático na natureza. Contra o privilégio eterno do poder e da força do indivíduo levanta o poder das massas e o peso-morto do número. Nega o valor do indivíduo, combate a importância das nacionalidades e das raças, anulando assim na humanidade a razão de sua existência e de sua cultura. Por essa maneira de encarar o universo, conduziria a humanidade a abandonar qualquer noção de ordem. E como nesse grande organismo, só o caos poderia resultar da aplicação desses princípios, a ruína seria o desfecho final para todos os habitantes da terra. Se o judeu, com o auxílio do seu credo marxista, conquistar as nações do mundo, a sua coroa de vitórias será a coroa mortuária da raça humana e, então, o planeta vazio de homens, mais uma vez, como há milhões de anos, errará pelo éter." (HITLER, 2001, p. 53).

"Pela segunda vez na minha vida, analisei profundamente essa doutrina de destruição [o marxismo] - desta vez, porém, não mais guiado pelas impressões e efeitos do meu ambiente diário, e sim dirigido pela observação dos acontecimentos gerais da vida política. [...] Comecei a considerar, pela primeira vez, que tentativa deveria ser feita para dominar aquela pestilência mundial. Estudei os móveis, as lutas e os sucessos da legislação especial de Bismarck. Gradualmente o meu estudo me forneceu princípios graníticos para as minhas próprias convicções - tanto que desde então nunca pensei em mudar minhas opiniões pessoais sobre o caso. Fiz também estudo profundo das ligações do marxismo com o judaísmo." (HITLER, 2001, p.116).

"Nos anos de 1913 e 1914 manifestei a opinião, em vários círculos, que, em parte, hoje estão filiados ao movimento nacional-socialista, de que o problema futuro da nação alemã devia ser o aniquilamento do marxismo". (HITLER, 2001, p.116).

"Quem [...] tivesse realmente arruinado sindicatos marxistas a fim de, em lugar dessa instituição da luta de classes aniquiladora, colocar a idéia do sindicato nacional-socialista e contribuir para a sua vitória, esse pertence ao número dos verdadeiros grandes homens de nosso povo e seu busto deverá, um dia, ser dedicado à posteridade, no Walhalla de Regensburg". (HITLER, 2001, p.449).

"No dia em que, na Alemanha, for destruído o marxismo, romper-se-ão, na verdade, para sempre, os nossos grilhões". (HITLER, 2001, p.505).

Nestas citações Hitler deixou bem claro sua relação com o marxismo, e o caráter de seu Nacional-Socialismo. Mas também existe por aí uma história de que havia na Alemanha Nazista uma "moeda" com uma foice e um martelo, como explicar isso?


Isso não é uma moeda, e sim de um broche comemorativo do Dia do Trabalho lançado em 1934: Tag Der Arbeit (Dia do Trabalho). A foice e o martelo são símbolos históricos que representam respectivamente o trabalhador do campo e o trabalhador da cidade.

Analisando o broche podemos constatar exatamente isso, enquanto o símbolo comunista tem alusão á união dos trabalhadores (com a foice e o martelo cruzados) o broche nazista tem os símbolos separados pela águia do partido de Hitler.

Inclusive o Brasão de Armas da Áustria de 1919 apresenta uma grande semelhança com o broche Nazista, e vou dizer aqui algo que já é sabido por todos: a Áustria nunca foi socialista.


Já vimos que, simbolicamente, ela não representa o comunismo, e sim, os trabalhadores. A foice simbolizando os trabalhadores do campo e o martelo os trabalhadores da cidade. Junto disto, temos a inscrição no topo, que diz "Dia do Trabalho". Ou seja, aquilo que muitos chamam de "moeda nazista-comunista", na realidade, é apenas um broche comemorativo.

Fontes:

HITLER, Adolf. Mein Kampf. São Paulo: Centauro, 2001.

MORAES, José Geraldo Vinci de. História Geral e Brasil. São Paulo: Atual Editora, 2005.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Adolf_Hitler 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Bras%C3%A3o_de_armas_da_%C3%81ustria 

https://riorevolta.wordpress.com/2013/05/14/o-marxismo-citado-no-mein-kampf-de-adolf-hitler/ 

https://guerra1940.blogspot.com.br/2012/08/o-socialismo-para-hitler.html 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Nazismo 

https://www.bbc.com/portuguese/salasocial-39809236 

https://profeinde.blogspot.com.br/2016/12/afinal-existe-uma-moeda-nazista-tem-um.html 

https://holocausto-doc.blogspot.com.br/2014/11/a-moeda-nazicomunista-da-veja-que-nao-era-moeda-e-que-nao-era-comunista.html 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha_Nazi  

© 2017 Sobre a História. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Webnode
Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora